sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

a minha vida dava uma serie morangos com açúcar

não sei porquê, mas lembrei-me  de repente de uma grande paixão minha. era um amor de verão, com tudo a que há direita, mergulhos, pele morena, gelados partilhados, jogos de uno, cócegas na relva, conversas e cantorias debaixo do céu estrelado e noites quentes. ele era de Lisboa e só estava cá na aldeia umas semanas por ano e eu contava os dias até o poder ver novamente. ele não fazia ideia que eu gostava dele, nunca tive coragem de lhe dizer nem de demonstrar o que sentia por ele (sempre foi problema para mim). um verão, apresentei-lhe uma amiga minha e ele ficou caidinho por ela. foi o pior verão da minha vida. à frente deles eu era a amiga querida e casamenteira que fazia arranjinhos e passava recados de um para o outro. chegava a casa e enfiava me no quarto a chorar baba e ranho e a ouvir finger tips. chorava, escrevia no meu diário e na minha cabeça gostava de imaginar uma história diferente para mim. imaginava que ele só tava a fazer isto para me provocar e tava tão cega de paixão que às vezes acreditava que era mesmo verdade, mas não era. ele estava mesmo apaixonado por ela e lembro-me do ultimo dia dele cá, eles finalmente beijaram-se e eu tive que sorrir e parecer feliz, mas por dentro estava com o coração a explodir de tristeza. entretanto, a minha amiga deixou de gostar dele e desprezou-o completamente enquanto eu secretamente ainda gostava dele, mas ele só falava nela. o tempo foi passando, eu consegui sobreviver e mais tarde vi pelo facebook que ele já namorava, imagine-se com uma rapariga que podia perfeitamente ser sósia da minha amiga. e este, foi o desgosto menos mau no meu cadastro de relações, agora pensem (como diz o outro).

já sei porque me lembrei dele, o meu irmão usa um perfume parecido com o que ele usava na altura.

domingo, 13 de dezembro de 2015

tou deitada na cama a pensar nos eventos de hoje e como me fizeram sentir realizada e preenchida. penso em toda a sorte que tenho tido com as pessoas que conheci e que fazem parte da minha vida e tou certa que sou uma privilegiada. viajo, como fora quando me apetece e dou-me a pequenos luxos sem pesos na consciência. vivo uma vida confortável e emocionalmente estável porque tenho uma família  pequena, mas unida que amo mais do que tudo na vida e tenho um namorado que me completa e que sinto que é a minha outra metade. penso nisto tudo e dou por mim a agradecer a deus. fui criada católica, mas o deus em que eu acredito é diferente e não se rege por uma religião. eu imagino que o meu deus tenha criado este universo com mil cuidados e perfeccionismos, que tenha investido milhares de anos de luz a pensar em cada pormenor e que depois de o ter lançado ao mundo, como um pai orgulhoso, não consegue mais intervir naquilo que lhe poderá acontecer o resto cabe aos habitantes desta obra de arte que criou seguirem as suas vidas conforme as correntes e os ventos. imagino-o a olhar de cima a ver as vidas das pessoas, como se cada uma fosse um filho e ficar em sofrimento por cada coisa má e alegrar-se por cada coisa boa e por cada um de nós. imagino-o como aquelas mães sentadas no sofá a verem telenovelas a preocuparem-se e a darem recomendações às personagens das historias. pensei nisto tudo e deu-me uma vontade enorme de escrever e já não me sentia tão motivada há muito tempo. o meu deus é bom para mim e a minha vida é aquilo que eu faço dela.